Segundo pesquisa, evolução do poder aquisitivo da população contribui para as vendas das micro e pequenas empresas.
As micro e pequenas empresas (MPEs) paulistas fecharam o primeiro trimestre de 2010 com aumento de 10,2% no faturamento real, na comparação com o primeiro trimestre de 2009. É o que revela o estudo Indicadores Sebrae-SP, divulgado ontem em São Paulo.
No sexto mês consecutivo com aumento na receita sobre o mesmo mês do ano anterior, as micro e pequenas empresas registraram crescimento de faturamento real de 11,3%, no comparativo de março de 2009 com o de 2010. Sobre fevereiro deste ano, o aumento em março de 2010 é de 8,9%.
De acordo com o estudo, esse resultado indica a recuperação das MPEs com relação ao período em que a economia brasileira sofreu com os impactos da crise financeira internacional.
Segundo o levantamento, todos os setores de atividade apresentaram crescimento de faturamento real, no comparativo de março deste ano com o do ano passado: indústria (24,2%), comércio (5%) e serviços (14%). A indústria, setor mais atingido pela crise, teve a maior alta no período. O desempenho mais fraco da indústria em março do ano passado, com menor base de comparação setorial, contribuiu para esse resultado.
Momento positivo - Para o diretor-superintendente do Sebrae no estado, Ricardo Tortorella, o momento é bom para as MPEs. Nesse quadro, Tortorella reforça a necessidade de políticas públicas para garantir a sustentabilidade dos pequenos negócios.
"A perspectiva de crescimento no Brasil está baseada no mercado interno e parcela expressiva dos pequenos negócios vende no varejo. É preciso garantir condições de competitividade aos pequenos negócios. Os juros e a inflação devem ser monitorados para não dificultar essa etapa de crescimento e preservar o poder de compra da população", afirmou.
O estudo do Sebrae-SP indica que o cenário econômico projetado por analistas de mercado - segundo os quais o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deva crescer 5,81% em 2010, em razão da alta da demanda interna - será benéfico para as micro e pequenas empresas, que deverão acompanhar essa tendência de retomada de atividade. O documento menciona que, entre os fatores que merecem atenção nos próximos meses, estão a inflação e os juros.
"Parcela expressiva das MPEs vende produtos no varejo, ao consumidor final. Em geral, são produtos de baixo valor unitário, cujas vendas dependem da renda dos trabalhadores. Assim, a evolução do poder aquisitivo da população é uma variável que influencia as vendas das empresas de micro e pequeno porte", avalia a pesquisa.
O texto alertam contudo, que, a médio prazo, "o aumento dos juros pode moderar o ritmo de crescimento da atividade econômica".
Regiões - De acordo com o levantamento, o Grande ABC foi a região com melhor desempenho no faturamento de março na comparação com fevereiro deste ano, registrando crescimento de 16,2%.
O viés de alta nesse período beneficiou todas as regiões analisadas pelo estudo. NaRegião Metropolitana de São Paulo, por exemplo, ela foi de 10,4% (e de 9% ante março de 2009). No município de São Paulo foi registrada uma alta de 8,4% (e de 7,5% em 12 meses) e, no interior paulista, de 7,4% (com 13,8% na comparação com o mesmo mês do ano passado).
Expectativas - Quanto às expectativas para os próximos seis meses, 35% dos proprietários de micro e pequenas empresas, entrevistados em abril deste ano, declararam esperar aumento no faturamento da empresa. Quase metade (48%) informou esperar manutenção no nível de receita do negócio, nos próximos seis meses. No mês anterior, esse percentual era de 52%.
Apenas 16% declararam não saber como será a evolução da receita da empresa no período; em março, essa fatia era de 11%. De acordo com o Sebrae-SP, esse aumento da incerteza está relacionado com os aumentos de preços registrados nos últimos meses e à alta na taxa básica de juros (Selic).
Em março deste ano, a receita total das pequenas empresas é avaliada em RS 23,9 bilhões. O faturamento médio observado por empresa é estimado em R$ 18.029,56.
Em São Paulo, existem 1,3 milhões de micro e pequenas empresas, 98% do total de formais, que ocupam de cinco a seis milhões pessoas, 67% dos postos de trabalho no setor privado e 28% da receita bruta do setor formal. Para a composição dos Indicadores Sebrae-SP são entrevistados proprietários de 2.716 MPEs, em parceria com a Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados).
Fonte: Agencia Sebrae