A agência de avaliação de risco Moody?s cortou, nesta terça-feira (11), a nota da dívida do Brasil de "BAA2" para "BAA3", com perspectiva estável. A agência citou como justificativas a fraqueza da economia e a falta de consenso político, que dificulta a tarefa do governo de tentar equilibrar a dívida pública.
Esse é o último degrau do chamado "grau de investimento", ou seja, o país ainda é considerado um bom pagador, um lugar recomendável para os investidores aplicarem seu dinheiro.
O país ainda mantém o "grau de investimento" de acordo com as três principais agências de classificação de risco do mundo: Fitch, Moody?s e Standard & Poor?s. Porém, a Fitch já indicou que deve rever essa nota. A agência brasileira Austin Rating tirou o grau de investimento do país.
Tendência de aumentos dos gastos públicos
Segundo a Moody?s, a dívida brasileira deve continuar piorando neste ano e no próximo. A tentativa do governo de melhorar a situação das contas públicas é limitada devido à falta de consenso político, afirma a agência.
O peso da dívida em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) deve chegar a 67% em 2016 e perto de 70% em 2018, projeta a agência, segundo a qual essa relação só deve se estabilizar no final do mandato do atual governo. Para que isso aconteça, é preciso que o país cresça ao menos 2% e que o governo consiga poupar pelo menos 2% do PIB, no chamado superavit primário.
A agência afirmou, ainda, que o país não tem força para lidar com choques financeiros no exterior usando suas reservas internacionais.
Avaliação de agências indica risco de calote aos investidores
Um governo consegue dinheiro vendendo títulos no mercado. Os investidores compram papéis com a promessa de receberem o dinheiro de volta no futuro com juros. Quando um governo tem avaliação ruim, considera-se que há risco de dar um calote e não pagar esses investidores.
Se houver desconfiança sobre essa devolução, fica difícil conseguir vender esses títulos, e o país tem de pagar mais juros aos investidores para compensar o risco maior. O país com mais confiança são os EUA.
O chamado grau de investimento indica aos investidores que uma economia tem baixo risco de dar calote, e que as aplicações financeiras feitas por investidores estrangeiros nesse país terão risco próximo a zero.
Cada agência de risco tem uma escala própria de avaliação. A nota "BBB-", pela S&P, indica que o país ainda está no chamado "grau de investimento", que recebeu da S&P em 2008.
Entenda como as agência fazem o cálculo da nota
O rating, ou classificação de risco, refere-se ao mecanismo de classificação da qualidade de crédito de uma empresa ou um país.
Ele busca medir a probabilidade de calote de obrigações financeiras. O rating é um instrumento relevante para o mercado, uma vez que fornece aos potenciais credores uma opinião independente a respeito do risco de crédito do objeto analisado.
Do ponto de vista econômico, é bastante vantajoso, pois uma vez feito, pode ser utilizado para vários objetivos e por diversas instituições. Com a globalização, o rating se apresenta como uma linguagem universal que aborda o grau de risco de qualquer título de dívida.
Fonte: Economia.uol